Tem sangue correndo foras das veias da terra
Tem seiva no tempo incerto
no mesquinho jeito de amar
Tento esquecer
que ainda existe possibilidade
e luta
Tenho braços e pernas amputadas
na manhã covarde dos homens
tenho saudades incesatas
de quem nunca me amou
e sufoco minha boca
nos seus ouvidos
ofegantes
que mentem
sobre os meus pelos
Estranho subterrâneos
escondo ovos podres
para Santa Clara
ela que não traz luz
ela que cagou
gema
e óleo
molhando minhas pernas
escorregadias
e solitárias
em tardes de janeiro
bebi a adega
e choquei
meu ovo
que quebrou
dentro de mim
e ele sangra
sangra
amarelo
incandescente
ele chora
amarelos
medos
ele brota flores
patéticas
com a cara de Deus
abortado
O ovo dentro de mim
deprime o mundo
e suja
a realidade
logica de carne
A galinha olhou no espelho
e cacarejou
meu filho morreu
e nasceu nos meus bracos
a certeza
de que penas
eh uma pena
ter eu nascido cinza
e mãe
de uma frigideira
que assa
meus neorônios
cansados de sentir
impossibilitados
de pensar
menos
ou mais
daquilo que chocam
a minha bunda
choquei o mundo
e por
fim
por fim
por fim
como femea machucada
posso ir
animal!
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