quarta-feira, 17 de julho de 2013

Do corpo a revolução

O buraco na porta
da névoa magoa
é no papel branco
que prostituo
o obscuro de mim
sem que na vida
se quer um,
sem desejar morrer,
ouse o toque
toque toque
na madeira a tua sorte



O Sujeito sem Verbo

Cadeira
lápis
a faca
e o queijo

Cotovelos
bigodes
botas
e botões

máximo
primeiro
terceiro
e salário

Eu
pátio
olhares
fome
e cigarro

Lê e crê:
Esse sujeito me deixou de supetão
com o seu verbo na minha mão


segunda-feira, 15 de julho de 2013

The Lady is a Tramp

Two plus two              
equals dog
The shape                      
of the number
says it all







quinta-feira, 11 de julho de 2013

Os bolsos do Morto

As pencas desses anos que me convidam sempre em maltratar o fígado com doses de cólera, agrupada com os dedos dos pés refletidos em um banheiro nunca esquecido como se ele próprio fosse um altar. Decidida em me abandonar nessa meia idade de duas décadas e um pouco mais, a morte arrogante dos sublimes. Me vejo em pouco pó que em palco irá virar a ladeira da preguiça e entrar na cama arrumada  das minhocas que me chamam para morar com elas perto de lascas de madeiras. O amor transformado pelo infinito desejo de se perpetuar como sombra que leva tudo a até as últimas instancias, no haras invertido em cavalos que me ensinaram a dar coices nas palavras mediócres desse homem, título de poesia, dono de muito assombro das noites sangrentas dessa minha vida. Empobrecida eu sei que estou, arrependida de todos os meus clichés vestidos de loucuras, de porres, de mortes, de goles em goles. engole-me por fim, entrega-me tua alma bandido das esquinas em que Caio nas sarjetas que me apanham nessas ainda madrugadas as mesmas em que me amavas mentindo amor, com dor não te deixo cambalear perto do meu chamado coragem. Feroz e covarde o buraco que me cabe desse latifúndio, desses dedos que estupram para apenas lembrar o cheiro de todas as terças-feiras da minha infância. Chego aqui, por frase trocada de pontos finais Reticencias memoráveis essas minhas! se me jogo dessas pontes imaginárias de uma cidade que fede a ele, vou caindo ao abraço desse asfalto. Não sei esquecer-te homem oco, de santas ocas, buracos negros, que o corpo pouco da minha existência transformou-te em mito, edípico. eu mereço cegar-me por nunca saber ter visto.

domingo, 7 de julho de 2013

Felipe Blanco

Ele uiva
tão alto como os edifícios
que me leva para contar
que chorar é tão mais belo que sonhar

eu aqui, tão longe de mim
patética
estética
arrotos a rodo
no quarto do sétimo andar

poeta musicado dessa minha geração

Eu sou sua leitora,
a sua caça
nessa torre de Marfim
&
Eu estou cega numa platéia
&com os ouvidos na sua mão


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Cumprimentar a melancolia como uma velha conhecida? Qualé?

É sensatez de mina broxa
isso quié de ser bruxa
Leminski virou pop
e o pop virou papa
de titica de galinha
desbancando o rego
dos 50 tons de cinza
Haikai ni mim
melancolia
que eu te fodo
sim, como minha
velha conhecida
Você vê meu bem?
O V é de várias fita

As camas molhadas

Se me perguntam dos meus papéis burocráticos
respondo com muito ar de propriedade
que minhas gavetas de escritório
são pautadas
com as linhas tortas
abandonadas
por Deus
que me pague
a identidade
de não saber quem sou
deitada olhando pro teto
em uma cama de amônia
que me da caráter e cheiro
de uma verdade além de ternos e gravatas
O suicídio é sucinto
e breve como a voracidade
de se entender por gente
ajoelhado na igreja em chamas de pecado

Se me perguntam de mim nessa cidade
digo que sou um objeto na sua instante memória
de infância infame, no buraco recalcado
do seu vexame de bater uma punheta
enquanto na cozinha a sua mãe com as mãos molhadas
das batatas que serão servidas para o jantar






Objetos Obscenos

A Gilete conta histórias
removidas da minha perma
da axila distraída 
numa tarde 
de consultório
A beleza feminina
um par de pernas
um sorriso 
com algum tipo
de personalidade
que anda pela cidade
estridente e infinitamente
paulistana
Os postes de luz
são fálicos e me entediam
ainda mais que os próprios homens
Estico a perna direita para o norte
estico a perna esquerda para o sul
e o que me enfia no meio é muito mais que morte