Deixou-me na cabeceira
caixa-box de cigarros filtrados
E eu ainda lhe falava de cura
e ele
que sempre foi
curado;
Desprendi de meus pulmões
um arroto transversal no quarto
Esfumacei seu rosto
caminhante e sem desejo
de meus pileques
monumentais
Ele me serviu a vodka,
apontou-me a porta
da geladeira,
minha única e fiel escudeira.
Traguei mais tragos
intragaveis de final.
Falavam-nos algumas sentimentalidades
televisivas,
amores crueis terminados
em casamento.
Alimentei-me do insucesso
de amar
Os pelos corbetos
de rostos
acendiam os olhos
a cada
meu
cigarro fumado.
Ele colocou no rádio
uma inocente melodia,
tentativa subestimada
de quebrar o obscuro
fumo da retirada.
Minha mente pregou
olhos de filhotes na porta,
imaginei-me saindo
por seus infinitos
buracos oráculares.
Ao inventar imagens
o olho,
por fim,
rendeu-se a ver a realidade:
Meu último cigarro não fumado
Foi no tempo de acender
e ver as cinzas queimarem
que lembrei-me de Swann
exclamando o fim
da feia Odette
-E dizer que estraguei anos inteiros de minha vida, que desejei a morte, que tive meu maior amor, por uma mulher que não me agrada!-
Nem terminei o cigarro e fui embora feliz
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