quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Ousar-me feliz
para Frederico Bertani e Mariana Varela
Colorindo papeis a grafite
rabiscando as linhas
covardes e trêmulas.
O papel escapa
(sempre de vez em quando)
o braço,
como alfinete
rasga digitais
formando bolhas vermelhas
no papel.
Colorido, o papel timbrado
com sangue.,
Me fiz
pequena na preguiça
de ser grande.
(Decreto-Geral:
Agora Escorrego
a minha última lágrima,
escorrego
o meu último lamento
em papel cinzento!)
Não fiz bola
com o sangue de papel
Fiz que os olhos marinados
se rendessem ao olhar do sol.
As lágrimas constroem na retina
um vitral, que me explode
nuances de cores concentradas
no horizonte multifacetado.
Foi assim, como uma música quente,
Que ousei olhar.
Foi assim, como um amor inocente
que fiz de meus dedos
carinhosos instrumentos
Foi assim,
da noite pro dia
do escuro a cor
que meu papel
se fez de pele
e meu coração
de valente.
Foi assim,
que ousei
dizer
poderá eu,
por fim render-me
e ousar-me feliz?
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