terça-feira, 26 de junho de 2012

Av. Brasil


Com o corpo desvendado eu caminho escondida pela Avenida Brasil.
Os carros caminham comigo, cortejando o meu corpo-substrato.

Com os pulsos descobertos almejo o sol, buzinando dentro dos meus músculos.
Minha vida-caixa sem som. Estrada permanentemente nauseabunda.

Engarrafamento na Av. Brasil abriu a garrafa dos meus olhos e encheu o copo do passageiro de ônibus.
Foi ele mesmo que me disse para chorar cheiro e cachaça

Os turistas me querem insensível ao ver o meu reflexo invisível na faixa de pedestre.
Sou corpo de bagunça atravessando a rua fétida. São as minhas axilas de trabalhador da mente.

Cato o lixo litúrgico da Igreja Nossa Senhora do Brasil;
ouvi dizer que o Senhor-pós-moderno se disfarça em materiais recicláveis;
as vezes o vejo em janelas blindadas.

Rezo ao meio-dia como um analfabeto.
Se escuto perdão, leio culpa.

Vejo
Vermelho, amarelo, verde
Faz barulho no silêncio da cidade...

Nenhum comentário:

Postar um comentário