As peças desse carpete
uma vez já foram vivas
Circulares
como víboras hipnotizadas
de um recalque qualquer
pontuada pela mãe
no meio da segunda infância
Sobe o cheiro desse pó
de ontem e desse hoje
recolhido no meio
de latas de cerveja
vazias de pudor
Recrio a imagem
de saber ter um sonho
além desse sobreviver
a tantos invernos a fio
a frio metódico de facas
laminando a morte
da história semi
romântica dos Salmões
É que vivo morta
em papel de bala
guardanapo ou em tela de TV
Namoro em sonhos
bichos horripilantes
ultramarinos
Meu terapeuta
diz que água
é simbologia sexual
O que eu acho
muito normal
já que
guardo na primeira estante
um vaso muito grande
cheio de conchinas do mar
lembranças do cheiro
ensurdecido das ondas
O tempo
essa areia de um caixote inteiro enfiado na calcinha de banho
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